O Cozido


“Mosqueta” é o nome do dialeto da língua mais refinada que se contrapõe ao dialeto camponês de Pádua, em geral, usado por Ruzante. No espetáculo, o personagem central se põe a falar mosqueta, quando se disfarça de “fino” para flagrar uma possível infidelidade de Betia, sua mulher, que percebe o logro e o castiga entregando-se a Tonin, soldado vindo da guerra. Assim, ela reata uma relação de adultério com o compadre Menato. Ruzante bota em cena um mundo camponês rude, mas bem melhor do que aquele afetado e enganador da cidade. A fome, a miséria do mundo camponês e a perda material-existencial causada pela guerra são ingredientes de alucinadas representações de tintas sociais densas, em que atrás da economia cômica dos ‘tipos’ se oculta um teatro da crueldade dos mais secos e lúcidos da Renascença. Em O Mosqueta (1528) Ruzante é envolvido por uma rede de necessidades que o obrigam a disputar sua própria mulher com dois homens, amantes, em sua ausência, da tempestuosa camponesa.

Foto: Diego Bresani
Como um cozido que se faz com as sobras da comida do patrão e se torna melhor do que a refeição sem graça servida à mesa da casa grande, o espetáculo foi construído aos poucos, sendo degustado a cada gesto extraído e recolhido do cotidiano. O curioso é que tal cozido é preparado em cena, chamando a atenção do público pela originalidade e interatividade. E o melhor: pode ser degustado pelos espectadores no final do espetáculo.

Serviço
O Cozido
Teatro Goldoni / Casa D’Itália - EQS 208/209, Entrada pelo Eixo L – Metrô 108 Sul
De 31 de março a 22 de abril. Sexta e sábado, às 21h. Domingo, às 20h
Entrada: R$20,00 (inteira) e R$10,00 (meia). Para facilitar o acesso do público ao teatro, moradores das Regiões Administrativas do DF, fora do Plano Piloto (asas Sul e Norte; lagos Sul e Norte; Cruzeiro e Sudoeste) terão meia entrada, ao apresentarem comprovante de residência.
Classificação 16 anos


Categoria: Teatro Data: 30.03.2012 Local: Brasília

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