Guayasamin – Continente Mestiço


A partir do dia 10 de agosto, data em que se comemoram os 202 anos da Proclamação da Independência do Equador, Brasília recebe uma exposição em homenagem a um dos mais importantes artistas daquele país: Oswaldo Guayasamin. Do dia 11 de agosto até 14 de outubro, o público do Museu Nacional do Conjunto Cultural da República poderá conferir 379 obras de um equatoriano que, por meio da pintura, escultura, desenho e demais linguagens gráficas, mostrou seu comprometimento com a ideia de um mundo mais justo e, em especial, de um Continente Latino livre dos entraves da Colônia e das ditaduras que assolaram “nuestra América”. São Paulo e Rio de Janeiro já expuseram obras de Guayasamin, mas nunca em tamanha quantidade.

Guayasamin - Continente Mestiço revela como esse artista, descendente da etnia quechua, soube preservar e valorizar suas origens indígenas e exaltá-las. Toda sua obra resgata as imagens referenciadas da arte pré-colonial associada à exuberância do barroco espanhol. Os trabalhos de Oswaldo Guayasamin representam um contundente grito de liberdade e um expressivo inventário sobre os períodos mais violentos das recentes ditaduras que se abateram sobre a América do Sul. Sua figuração narrativa também denuncia os massacres ocorridos sobre as civilizações pré-hispânicas no continente americano.

Mas não se restringiu aos horrores ocorridos neste lado do mundo. “Ele foi um ‘historiador crítico’ que, por meio de suas cores e formas, retratou também a carnificina da I Guerra Mundial, a trágica guerra civil espanhola, o nazismo e o fascismo da II Guerra, o horror da bomba atômica e as realidades de países como Iraque, Bósnia, Chechênia e Ruanda”, destaca o embaixador do Equador no Brasil, Horacio Sevilla Borja, que foi amigo de Guayasamin. “Certa vez, ele disse que pintava como se gritasse desesperadamente, e que esse grito se somou a todos os gritos que expressavam a humilhação e a angústia do período em que vivia”, complementa o ministro de Relações Exteriores do Equador, Ricardo Patiño Aroca.

Para o curador da exposição, Wagner Barja, o acervo que estará à disposição no Museu Nacional do Conjunto Cultural da República dará aos visitantes um panorama do amplo alcance da obra de Guayasamin. “Vamos mostrar um trabalho que vai na contramão da história oficial do Continente Americano e que, também em relação ao conturbado mundo contemporâneo, vem povoar nossas mentes com ideais humanistas. Isto fica claro na sua atualíssima crítica sociocultural em defesa da não-violência entre os homens, pois embora o mundo tenha se modernizado, a paz e a igualdade entre os povos ainda está muito longe de ser alcançada”, conclui. Não foi à toa que o poeta Pablo Neruda afirmou sobre Guayasamin: “Pensemos antes de mergulhar em sua pintura, porque não nos será fácil de lá voltar”.

Serviço
Guayasamin – Continente Mestiço
Museu Nacional - Esplanada dos Ministérios
De 11 de agosto a 14 de outubro. De terça a domingo, das 9h às 18h30min
Entrada franca
Classificação livre


Categoria: Exposição Data: 07.08.2012 Local: Museu Nacional

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